quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Luíza, a garota-propaganda de Andy Warhol


A garota-propaganda de Warhol
Em meados da década de 60, o mundo conhecia um artista chamado Andy Warhol. Sua forma peculiar de retratar elementos de consumo na famosa pop art chocava. A crítica aos símbolos do capitalismo e à sociedade dos EUA ecoava ao questionar o tradicional, enquanto ele, em sua pitoresca aparência,  fincava a frase que marcaria sua história: “um dia, todos terão direito a seus 15 minutos de fama”. Embora sem perfis no Facebook ou Twitter, ele estava certo. Previra como um visionário dos bons.
Cinco décadas depois não se fala, pensa ou age de outra forma. Culpa e mérito da internet. O vasto e faminto ambiente digital eterniza a cada dia o pensamento de Warhol, que, a bem da verdade, já foi aproveitado no passado, certamente não com a convicção de hoje. Memes, virais e o frenesi em torno das redes dão de mão beijada os 15 minutinhos de sucesso, que às vezes nem chegam a ter força para completar o quarto de hora.  Ficam pelo meio do caminho mesmo, por diversos motivos. Ou então podem surpreender ao alcançar a notória duração de um longa-metragem digno de um episódio Michel Teló. Mas ainda assim, nestes casos,  o relógio tem curto prazo de validade, disso todos sabemos.
A Luíza que, depois da publicação deste texto, já está no Brasil; a bêbada que dá entrevista de dentro de um carro, tira sarro, dança, pede perdão ao pai e ganha um funk; o ‘BBB’ que é expulso do programa por suposto estupro e vira alvo piadas maldosas e hilárias. São estes os mais novos discípulos de Warhol, ou melhor dizendo (para evitar manifestações de ira do leitor), protagonistas do profetizado culto à celebridade instantânea. Ao lado de Jeremias, “Puta Falta de Sacanagem”, Dona Sônia, e por aí vai, eles representam os que surgem, brilham, geram tweets, views, comentários, e depois somem. Quase sempre tão rápido quanto o tempo levado para descobri-los.
Não os critico. Pelo contrário, rio muito às custas das brincadeiras que aproveitam o dinamismo da internet para propagar diversão e, por que não dizer, conhecimento? Lembre-se que um repertório não é feito apenas à base de cultura erudita. Não bastasse o material original, que ‘revela’ os famosinhos de plantão, cada caso abre espaço para a criatividade,  espalhada a rodo na forma de paródias. Estamos vivendo, certamente, o momento mais livre e forte da história da comunicação em termos de manifestações, sejam elas no tom e na qualidade que for. Não importa. O boicote ao SOPA é prova documental disso.
Na internet todo mundo dá pitaco e contribui, não há do que reclamar. Os aspirantes aos “15 minutos de fama” entram e saem de cena num piscar de olhos porque é assim mesmo, esta é a cara com que o digital se mostra para nós. Nada é tão perene como em décadas atrás, para o bem ou para o mal.  Na minha opinião, para o bem. A menos, é claro, que se trate de uma revolução “com R maiúsculo”, assunto no qual nem vou me estender para fugir de polêmicas desnecessárias. O fato, leitor, é que o próprio Warhol não deve ter imaginado um mundo conectado a ponto de incorporar tão bem sua percepção, tida nos doces anos 60.  O dia chegou, Andy. Comemore!
FONTE: ADNEWS
Por Marcelo Gripa
Arte: André Paulista

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